quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Usando tecnologias na Educação - TCC

1-Introdução

Em função das grandes transformações tecnológicas ocorridas, principalmente, a partir nas últimas décadas do século passado, notadamente naquelas relacionadas com informação e comunicação, podemos considerar que houve uma quebra de paradigma. Isto por que tais transformações acarretaram profundas mudanças na sociedade que vão desde o modo de lidar com situações 1rotineiras, como pagamento de contas, até mesmo em situações mais complexas como na construção, partilha e disseminação do conhecimento. Assim, esta quebra de paradigma está associada ao desenvolvimento e ao uso das tecnologias, pois são elas que impulsionam e acompanham as transformações sociais, culturais e econômicas.

A nova sociedade - a da informação- baseia-se em um novo modo de produção e de serviços não mais vinculados à mecanização industrial, mas sim, ao fluxo de informações e conhecimentos via computador, que permite o envolvimento de todos os meios de informação e comunicações anteriores, numa estrutura múltipla que admite processamentos não na forma hierárquica da árvore, mas da rede aberta a conexões, com capacidade interativa, na qual “sua multiplicidade implica a inexistência de qualquer relação com o uno, com o específico e com o individual” (KENSKI, 1998, 65).

Desta forma, também na educação, as transformações foram percebidas na sala de aula. Na atual sociedade da informação não cabe mais a relação direta entre professor, transmissor do conhecimento e aluno como mero receptor. Não cabe mais o professor como o único dono do saber e a fonte do conhecimento estar condicionada aos livros escolhidos por ele e pelas instituições escolares.

Atualmente, a recepção do conhecimento pelo aluno pode ser conseguida, parafraseando com os antigos métodos, diretamente da internet através de tutoriais disponíveis em textos ou vídeos, por meio de canais como o youtube[1], facilmente acessados pelos estudantes. Por isso, aquele professor que insistir no método de simplesmente transmitir o conhecimento acabará por fazer com que o aluno perca o interesse pelas suas aulas, pois este conseguirá o mesmo tipo de conhecimento em outro momento utilizando a tecnologia que domina, ou seja, a Internet.

Atualmente, o conceito do conhecimento está vinculado à construção do saber tanto pelo aluno quanto pelo professor. O aluno é convidado a participar do processo de construção deste saber. Não podemos esquecer que devemos formar o aluno cidadão para a sua era. Esta formação está vinculada diretamente ao preparo do aluno em utilizar as ferramentas disponíveis tanto para o trabalho quanto para o aprendizado e lazer, como o computador e internet entre outras. Este objetivo só será alcançado se tanto o professor como o aluno, através da construção do saber, dominarem estas tecnologias.

Um ponto muito importante a ser considerado é a inevitável capacitação dos professores para o uso das novas tecnologias. Conforme argumentação de Hack e Negri (2008, p.2):

A atuação do docente tenderá a passar do processo comunicacional baseado no monólogo da sala de aula para o diálogo interativo do laboratório de informática, sala de bate-papo virtual, fórum virtual, e-mail, telefone e outras mídias.

Não há dúvida que o processo relativo ao uso de ferramentas tecnológicas de forma reflexiva passa em primeiro lugar pela especialização do professor, pois o aluno, mesmo tendo “nascido” na era da informática pode utilizá-las de forma equivocada, por isso a necessidade do professor-mediador no processo.

Cabe salientar, também, que estamos vivendo um momento intermediário com relação à aplicação das novas tecnologias disponibilizadas. É necessária a adaptação tanto do professor quanto do aluno para a utilização das novas ferramentas disponíveis. Não podemos utilizar simplesmente a tecnologia de qualquer maneira, sem o propósito de construir o conhecimento.

Dependendo da maneira como é utilizada, determinada tecnologia pode ser melhor aproveitada que outra, pois cada ferramenta deve se relacionar diretamente ao contexto do tema a ser abordado em sala de aula. E o professor é peça fundamental, pois é o “estimulador” para realizar essa contextualização necessária à aprendizagem (MORIN, 2001)

Outra preocupação que devemos ter ao usar as ferramentas tecnológicas é que não podemos fragmentar o processo ensino-aprendizado, pois isto acabaria por transformar a atividade como um “matar-tempo”, transformando a ida ao laboratório de informática como uma atividade sem propósitos a não ser fazer algo “diferente” (HACK; NEGRI, 2008).

Com o aumento da possibilidade do uso de tecnologias nas escolas públicas, através do estímulo de programas voltados à informática, da especialização do corpo docente e do aparelhamento das instituições por meio da montagem de laboratórios de informática, aliado à facilidade de acesso a internet, faz-se necessário o uso de novas técnicas aplicadas ao processo ensino-aprendizagem.

Buscando contribuir para ampliar o conhecimento dos assuntos abordados acima, este estudo visa relatar a experiência de uso da ferramenta webquest como recurso pedagógico para a construção de saberes. Esta ação pedagógica foi realizada na Escola Estadual de Ensino Básico Estado de Goiás, localizada no município de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, para o primeiro ano de ensino médio, envolvendo 35 alunos na disciplina de Biologia.

2- JUSTIFICATIVA

Com a crescente facilidade de acesso a Internet[2] e o grande incentivo dos órgãos públicos e privados para o uso de novas tecnologias por intermédio de programas como o professor digital, se fazem necessárias as reciclagens tanto dos métodos para o ensino, quanto da forma com que os professores trabalham na sala de aula.

Com este pensamento como guia, podemos observar que existem dois problemas a serem resolvidos na utilização de pesquisas na WEB 2.0, em relação ao ensino de Biologia, na área da Citologia.

O primeiro se refere à dificuldade que o aluno possui de visualizar e entender a função de estruturas microscópicas como a célula e suas organelas.

O segundo problema é evitar que em uma pesquisa utilizando a WEB, o aluno acabe “copiando e colando” textos e imagens diretos da internet e, muitas vezes, não lendo o texto e nem a imagem pesquisados. Em muitas situações, os alunos formam o falso conceito de “pesquisar” no laboratório de informática, quando na realidade são apenas copiadores e não autores.

Existem soluções de curto e médio prazo. Escolhi, para analisar neste estudo, uma ferramenta cujo uso é de curto prazo e ao mesmo tempo auxilia na resolução de ambos os problemas, a Webquest.

Esta ferramenta possui como uma de suas características fazer com que o aluno busque respostas aos questionamentos solicitados de modo integrado, ou seja, trocando informações com seus colegas e com o professor através de ambientes virtuais e buscando de modo autoral organizar a pesquisa e suas respectivas respostas.

Segundo Pereira (2007, p.183), para utilizar uma ferramenta “informatizada para gerenciamento da sala de aula, necessita-se de um programa projetado de fácil manuseio e interpretação que atenda aos objetivos de trabalho e facilite a aprendizagem”.

Com esta premissa optei por utilizar a ferramenta WEB 2.0, de conhecimento e domínio da maioria dos alunos e com a vantagem de poder ser acessada em qualquer computador e em qualquer local.

Como necessitava de local para publicação do webquest, mais uma vez utilizei a Internet como aliada no processo de aprendizagem. Assim, por meio da criação de um blog, que além de ser uma ferramenta de fácil edição é, também, gratuita, foi possível a elaboração do webquest.

Também devemos considerar que estamos atravessando, em termos de educação tecnológica, um período intermediário onde necessitamos adaptar métodos de ensino e de aprendizagem.

Com base no que foi exposto este estudo buscará responder à seguinte questão: de que maneiras o uso da ferramenta web 2.0, WEBQUEST como recurso de apoio pedagógico contribui para a construção do conhecimento no processo de ensino aprendizagem da disciplina de Biologia, mais especificamente, na área de Citologia, da Escola Estadual Goiás?

3-DESENVOLVIMENTO

Atualmente estamos vivendo um período em que o processo da utilização das tecnologias está sendo inserido na sociedade de forma intensa e irreversível. Esta inserção está sendo facilitada pela rapidez nas comunicações e, ao mesmo tempo, pelo valor acessível com que podemos adquirir os equipamentos necessários para a utilização destas tecnologias.

A inserção das novas tecnologias faz parte de nosso dia a dia através de meios midiáticos, das transações bancárias, de uma simples aquisição de mercadorias. Somos seres tecnológicos, querendo ou não. Tecnologias que incluem celular, computador, TV digital, cedo ou tarde todos teremos uma, pois a analógica deixará de existir, cartões com chip, pois o talão de cheques e os cartões convencionais também deixarão de existir, e obviamente a Internet, pois a cada dia mais serviços estão sendo disponibilizados via WEB.

Kenski (1998) fala das velozes transformações tecnológicas da atualidade que impõem novo ritmo e dimensão na tarefa de ensinar e aprender. Neste processo complexo que inclui as tecnologias, a escola não pode ficar, de modo algum, alheia às mudanças, tanto no modo de formar o aluno quanto na maneira em que o professor deve utilizar essas novas ferramentas.

Segundo Sanfelice e Araújo (2010) “as novas tecnologias, como a Internet, são aliadas na disseminação de informação, enquanto elementar na construção do conhecimento”[3].

A adaptação a uma nova maneira de ensinar nos leva a quebrar tabu e mudar paradigmas, pois é próprio do ser humano resistir às mudanças bruscas em qualquer situação e para o grupo docente não seria diferente. Devemos abandonar técnicas até então tidas como eficientes. A mudança inclui além de métodos de ensino aprendizagem, um repensar do professor. Freire (1987, p.8) fala que “mais uma vez os homens, desafiados pela dramaticidade da hora atual, se propõem, a si mesmos, como problema.”

Mas, só o professor querer mudar não é o suficiente para o sucesso no uso de novos métodos e de novas ferramentas para o ensino. É necessário o investimento na capacitação deste profissional, na sua formação para seja estimulado à nova realidade de aprendizagem na escola. Ao mesmo tempo a formação deve enfatizar o uso correto da ferramenta tecnológica para que seu uso não seja um equívoco.

A mudança de paradigma ocorre através de uma nova relação entre professor e aluno. Vygotsky (1999) fala da importância do contexto sócio-cultural e da interação ocorrida entre sujeito e meio, mediados por algum elemento, seja este o professor ou o computador ou ambos, para que haja a construção reflexiva do conhecimento. Neste contexto, o professor passa de dono do saber para mediador da construção deste conhecimento. Tanto professor quanto aluno constroem, em conjunto, o processo ensino-aprendizagem. Ambos se apropriam do saber através do conhecer, utilizando novas ferramentas.

Para Gonçalves (2003)[4]:

deve ficar claro que o paradigma da comunicação não depende, exclusivamente, do meio em que esta se dá, mas sim do uso que se faz dos meios. O que se faz com a fala, o livro, o giz, a televisão, o rádio, o computador é que define qual é o paradigma da comunicação que está em jogo

Não basta apenas usar as ferramentas tecnológicas, é necessário a compreensão dos envolvidos – professor e aluno- no processo do ensino aprendizagem. Existem várias ferramentas disponíveis para utilizarmos no moderno processo de ensino, a mais utilizada é a WEB 2.O, a internet de segunda geração, onde o “internauta” não é um simples navegador abrindo e fechando páginas. Neste contexto, o usuário participa do processo, podendo contribuir com informações e interagir com outros usuários.

Para Machado (2009) as principais características da web 2.0 são as seguintes:

Simplicidade: tudo deve ser intuitivo e evidente;

Compartilhar: a cada dia surgem novas ferramentas de colaboração baseadas no trinômio simples-rápido-web;

Publicar: recebe, transforma e publica num ciclo infinito de geração de informação;

Disponibilidade rápida: as informação são atualizadas de forma muito mais ágil e chegam aos usuários com maior rapidez;

Edição do usuário/Participação: o usuário se torna um ser ativo, participativo, que atua sobre aquilo que vê e consome da internet;

Opinião: possibilidade democrática e sem barreiras de exercer sua liberdade de opinar;

Comunidade: através da enxurrada de comunidades digitais e aplicações que nos fazem mais falantes, se torna possível a troca rápida de informações.

Considerando as características próprias da WEB 2.0 e a existência de vários complementos para o uso desta ferramenta, como blogs, wiki, entre outros, um dos complementos com um uso bastante eficiente é o WebQuest.

3.1 A FERRAMENTA WEBQUEST

A Webquest surgiu em 1995, idealizada pelo professor Bernard Dodge, da Universidade de São Diego, que a definiu como “uma atividade orientada para a pesquisa em que alguma, ou toda, a informação com que os alunos interagem provém de recursos na Internet [5]”.

As principais caracaterísticas de uma webquest envolvem a modernização da maneira de educar, a garantia de acesso a informações autênticas, o estímulo à aprendizagem cooperativa, o desenvolvimento das habilidades cognitivas, a reproduçao e, principalmente, a transformação ativa das informações em conhecimentos, favorecendo, assim, a formação de professores e alunos autores.

Existem basicamente dois tipos de Webquest:

  • De curta duração cuja meta é a de aplicar um conteúdo específico e que possui uma ação mais imediata, ou seja, por um período mais curto.
  • De longa duração que abrange vários assuntos e por ser mais complexa necessita de um tempo maior.

Em ambos, o processo pode culminar com uma apresentação em slides e filmes.

As etapas que formam uma webquest incluem, de acordo com o já referido site Webquest SENAC São Paulo[6], com alguma variação:

  1. INTRODUÇÃO: tem a função de orientar o aluno sobre a atividade e ao mesmo tempo estimular o seu interesse para o trabalho.
  2. TAREFAS: é a descrição clara do que será realizado.
  3. PROCESSO: está composto pelos passos para realizar a tarefa.
  4. RECURSOS: é o conjunto de sites, links, etc necessários para a realização do trabalho.
  5. AVALIAÇÃO: orienta o aluno sobre como será avaliado qualitativa e quantitativamente.
  6. CONCLUSÃO: possui a tarefa de resumir a experiência e instigar a reflexão.
  7. CRÉDITOS E REFERÊNCIAS: estimula o aluno reconhecer a autoria dos textos e das obras pesquisadas.

Um fator diferencial no uso de uma webquest é a possibilidade de interagir com o aluno de maneira constante, pois mesmo a distância, podemos dar assistência aos alunos, fora do horário da aula[7]. Segundo Pereira (2007, p.9), quando se refere aos ambientes virtuais de aprendizagem, argumenta que tais “recursos e ferramentas, se disponibilizados e utilizados corretamente, permitem que os participantes os utilizem para a interação, a colaboração e o suporte do processo ensino-aprendizado”.

O processo do desenvolvimento de uma Webquest envolve o aprendizado tanto do aluno quanto do professor formando uma parceria educativa, pois o conceito do ensino deve ser mudado da unilateralidade, quando o professor detém o saber, para a interação, em que tanto professor quanto o aluno, constroem o saber. Deste modo, o papel do professor passa a ser o de mediador-orientador do processo e envolve mudança de paradigmas e conceitos educacionais tanto do professor quanto do aluno.

De acordo com o módulo Projeto Pedagógico Utilizando Ferramentas de Autoria e que vimos na disciplina Ferramentas de Autoria, “os professores se fazem presentes no planejamento e acompanhamento, dando a linha mestra, garantindo a organização que faz com que os alunos adquiram conhecimentos significativos ao fim do processo”.

Considerando as características da ferramenta webquest descritas acima e imbuído da vontade de contribuir para mudanças qualitativas na prática docente é que optei neste trabalho de conclusão de curso, em relatar a experiência de utilização de tal recurso pedagógico, visando responder ao questionamento principal desta pesquisa. Ou seja, de que formas a sua utilização como recurso de apoio pedagógico coopera para a construção do conhecimento no processo de ensino aprendizagem.

4-A PRÁTICA

Como já foi dito, tal estudo visa relatar a experiência de uso da ferramenta webquest como recurso pedagógico para a construção de conhecimentos. Esta ação pedagógica foi realizada na Escola Estadual de Ensino Básico Estado de Goiás, localizada no município de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, para o primeiro ano de ensino médio, envolvendo 35 alunos na disciplina de Biologia. Para a realização desta experiência foi utilizado o laboratório de Informática com 20 computadores com ambiente Windows durante o primeiro trimestre.

4.1-OBJETIVOS

4.1.1- GERAL

Avaliar a contribuição da ferramenta Webquest no desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem da disciplina de Biologia, especificamente, na área de citologia, aplicada no primeiro ano do ensino médio.

4.1.2- ESPECÍFICOS

1) Contribuir para que o aluno construa um conceito de pesquisa de cunho escolar eficaz e atraente para ele.

2) Cooperar para o incremento do processo de ensino aprendizagem na área de citologia.

3) Usar a internet como recurso pedagógico para pesquisas realizadas pelos alunos visando a apreensão e a produção crítica de conhecimentos

4) Utilizar a ferramenta webquest por meio de blog, por ser esta uma ferramenta utilizada com frequência pelos alunos.

5) Utilizar o laboratório de Informática de maneira a tornar o processo do uso do computador mais eficaz na escola.

4.2- Relatando a experiência

A Biologia é formada por várias áreas de conhecimento em que a Citologia, normalmente, apresenta dificuldade em ser compreendida por se tratar de estruturas microscópicas aliadas aos nomes caracteristicamente “complicados” como, por exemplo, Retículo Endoplasmático. Este relato de experiência considera que a união de três elementos - computador, internet e laboratório de informática- se caracterizam por ser fator fundamental para que os alunos sintam-se familiarizados com um assunto da Biologia que normalmente é estranho e de difícil entendimento pelo aluno.

Deste modo, a atividade foi desenvolvida pelos alunos do primeiro ano do Ensino Médio - Turma 101- e o tema abordado foi a função das organelas citoplasmáticas. Os alunos foram distribuídos em nove grupos pré formados antes de irmos ao laboratório de informática. A cada grupo foi destinada uma organela para que pesquisasse a sua função celular.

A ferramenta que foi utilizada para a produção do webquest foi um blog criado especialmente do Blogger [8]. Mesmo existindo sites especializados na produção de webquest, como é o caso do PHP Webquest, optei pelo blog por ser mais “editável”, ou seja, com mais variações de aparências e modelos disponíveis e com uma interface mais intuitiva, mais agradável de trabalhar. O titulo do blog da atividade, com o fim de estimular os alunos, foi: “Nossa Sala é o Citoplasma”. Este blog pode ser acessado no site: www.profecortezorganelas.blogspot.com.

A atividade contou com três momentos específicos: (a) a pesquisa no laboratório de informática; (b) a apresentação na sala de aula; e (c) a análise da atividade pelo professor e pelos alunos.

Para a pesquisa foi utilizado o laboratório de informática composto de vinte computadores e a plataforma usada foi o Windows. Em um primeiro momento os alunos foram direcionados à resolução das perguntas contidas no webquest. O professor informou apenas o endereço do blog para que os alunos seguissem os passos ali contidos. Neste momento da atividade alguns alunos estranharam que deveriam buscar respostas integradas, pois para saber o papel desempenhado pela organela que o grupo pesquisa, necessariamente tem de se conhecer a função das outras organelas envolvidas no processo bioquímico celular.

Acostumados que estavam à pesquisa de copiar e colar de maneira independente ao que o outro grupo buscava, houve no inicio da pesquisa algumas dúvidas a serem respondidas pelo professor. Durante a pesquisa, também verifiquei que alguns alunos utilizavam o Wikipédia, para encontrar as respostas. Sendo esta ferramenta de código aberto, alertei para possíveis erros conceituais e solicitei para que buscassem as informações nos sites sugeridos pelo webquest.

Dando prosseguimento à atividade, ainda no laboratório, os alunos iniciaram a produção da apresentação em forma de slides ou vídeos. Pude perceber neste momento que o nosso aluno não é tão tecnológico como pensamos, pois muitos tiveram dificuldades para começar a idealizar as apresentações.

Depois de uma “luz”, ou seja, orientações de como montar uma apresentação, eles conseguiram elaborar boas finalizações. O papel feito pelo professor foi o de orientador e não o de solucionador. Cabe destacar, neste momento, a contribuição de alunos que já conheciam a ferramenta de produção de slides auxiliando alguns colegas que não a conheciam. Foi de fato uma troca de conhecimentos entre os alunos.

No segundo momento, o da apresentação da atividade, o professor orientador simulou a entrada de substâncias na célula, solicitando a manifestação das organelas responsáveis pelo metabolismo. Os grupos se posicionaram na sala como organelas no citoplasma. Foram identificados com cartazes contendo o nome da organela. A ordem da apresentação ocorreu de acordo como as substâncias entravam na célula. Por exemplo: com a entrada da glicose, o grupo composto pela mitocôndria se manifestou e procedeu a apresentação de sua organela em forma de seminário, relacionando-a ao funcionamento dos órgãos do corpo humano de maneira analógica, e de seu papel na produção de energia.

Em um terceiro momento, fizemos um levantamento da atividade apontado momentos positivos e negativos para que as próximas atividades fossem ainda mais produtivas.

No encerramento, fizemos uma mesa redonda onde discutimos a real contribuição da ferramenta para o processo do ensino e concluímos que a Webquest é uma ferramenta de uso simples e objetivo, tornando o aprendizado e a produção educativa mais atraente para o ensino da Citologia, uma área da Biologia normalmente não muito bem vista, por apresentar nomes de estruturas difíceis de relacionar com a função na célula. É muito mais fácil de compreender quando se fala em plantas ou animais, seres vivos conhecidos pelos alunos no seu dia a dia.

Durante a atividade pude notar que os alunos se mostraram interessados em descobrir o papel de sua organela, ansiosos pela representação no nosso “citoplasma”. Houve, inclusive, o envolvimento daqueles alunos que normalmente não se comprometem em atividades na sala de aula. Particularmente um aluno, normalmente relapso nas atividades, auxiliou os colegas como um estagiário na produção das apresentações, sem abandonar a do seu grupo.

Acredito que se esta atividade tivesse sido feita na aula, sem webquest, somente com livros, por exemplo, a produtividade dos alunos não teria sido tão alta, por ser a pesquisa do livro um estímulo à cópia. Como o Webquest trabalha com direcionamentos, os alunos são levados a responder questionamentos interagindo com os outros grupos de trabalho.

Outra questão importante relacionada à contribuição do webquest no ensino da Citologia é que o aluno acaba produzindo a sua finalização para impressionar os colegas, deixando o fator “nota” em segundo plano. Bandeira deste professor que gostaria de ver a nota como consequência e não como objetivo na educação.

5-CONCLUSÕES

Devemos considerar o fator de que estamos atravessando, em termos de educação tecnológica, um período intermediário, pois estamos todos, professores e alunos aprendendo esta nova técnica e por isto, necessitamos adaptar métodos para o ensino-aprendizagem. Como em qualquer processo em implantação, erros e acertos são cometidos. Experiências às vezes não dão certo e precisam ser corrigidas.

Certamente, por meio de tentativas estamos implantando novas ferramentas para tornar o ensino mais atraente e produtivo. Tenho certeza de que em bem pouco tempo, estas ferramentas serão de uso cotidiano no ambiente escolar, assim como hoje utilizamos outras ferramentas como livros, revistas.

Minha experiência, no uso da webquest veio com o sentido de modificar a pesquisa via internet, já utilizada por este professor em outras atividades, mas de maneira que estimulava o aluno copiador pura e simplesmente, e não o aluno autor.

Pude verificar que a maioria dos alunos aprovou o processo, não simplesmente por ter sido uma “aula diferente” que provavelmente se tornará uma aula normal, mas entenderam a função da estrutura estudada, visualizando a célula como um todo e não apenas por partes desconexas.

Acredito, também, que em um curto período de tempo os computadores, a internet, e por que não, lousas digitais, farão parte do dia a dia das escolas. Reporto-me ao tempo em que a única fonte de informação dos alunos era o próprio professor, visto como o único dono do saber. Com a chegada de livros, rádios e outros meios midiáticos, o aluno percebeu que a verdade possuía varias faces.

Pude perceber claramente, com esta atividade, que alguns alunos, em um primeiro momento, tentaram o processo de copiadores, mas ao perceber que não era este o objetivo do trabalho, mudaram sua estratégia de estudo, pois teriam que se colocar como a organela que pesquisaram, para saber exatamente a hora de se manifestarem na apresentação e teriam que “pensar” em qual processo e em que momento apresentariam a função de sua estrutura. Não haveria uma sequência lógica para apresentar, como grupo 1, grupo 2 e assim por diante.

Também percebi a preocupação dos alunos em procurar produzir uma apresentação para impressionar os colegas utilizando artifícios como a caracterização do grupo com a organela utilizando, “chapéus” com a imagem da estrutura, ou incrementado a suas apresentações com efeitos e animações, inclusive com vídeos.

Com toda a certeza o uso de ferramentas utilizando a WEB 2.0, e provavelmente a WEB 3.0, num futuro bem próximo, será de forma tão normal que para uma pesquisa os alunos até irão estranhar um professor resolver “dar” uma aula expositiva, tão comum nos atuais dias.

Para encerrar apelo para o que foi visto no curso Tecnologias em Educação, no anexo do texto Conteúdos Digitais Multimídias: construindo novas práticas docentes:

A produção dos conteúdos educacionais digitais multimídia tem como objetivo a utilização do computador em sala de aula a fim de contribuir para o desenvolvimento e construção do conhecimento, por meio da criatividade e ludicidade, promovendo assim uma aprendizagem dinâmica e significativa.

6-REFERÊNCIAS

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.

GONÇALVES, M.T. Paradigmas da educação e a Internet na escola. Disponível em < http://www.midiativa.tv/blog/?p=33> Acesso em 13 de outubro de 2010

HACK, J.R; NEGRI. F. (2008) Capacitação docente para uso da mídia como ferramenta diddatica: um espaço de reflexão e ação. Disponível em: http://www.hack.cce.prof.ufsc.br/wp-content/uploads/2010/01/Abed2008.pdf. Acesso em 13 de outubro de 2010

KENSKI, V. M. Novas tecnologias: o redimensionamento do espaço e do tempo e os impactos no trabalho docente. Faculdade de Educação, USP: São Paulo, 1998

Machado, A.C.T. Novas formas de produção de conhecimento: utilização de ferramentas da WEB 2.0 como recurso pedagógico. Revista UDESC Virtual, Vol.1, n 2, Universidade de Santa Catarina, 2009. Disponível em: http://www.periodicos.udesc.br/index.php/udescvirtual/article/viewFile/1655/1332 Acesso em : 13 de outubro de 2010

MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo; Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2001

SANFELICE G.R; ARAUJO, D.C.(2010). A mídia na escola e para a escola. Disponível em < http://erelisandra.blogspot.com/2010/08/midia-na-escola-e-para-escola.html> Acesso em 13 de outubro de 2010

VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. SP, Martins Fontes, 1999.

PEREIRA, A.T.C. Ambientes Virtuais de Aprendizagem. RJ, Ciência Moderna, 2007.

Gianna Roque e Stella Pedrosa. Ferramentas de Autoria. CCEAD/PUC-Rio, s/d. Disponível em: http://www.eproinfo.mec.gov.br...... Acesso em 15 de agosto de 2010.

Gianna Roque, Stella Pedrosa e Gilda Campos.Conteúdos Digitais Multimídias: construindo novas práticas docentes: CCEAD/PUC-Rio, s/d. Disponível em: http://www.eproinfo.mec.gov.br...... Acesso em: 06 de outubro de 2010.



[1] Site em que é possível compartilhar vídeos no formato digital. Disponível no seguinte endereço eletrônico: http://www.youtube.com/

[2] Velocidades de conexões cada vez maiores.

[3]Documento eletrônico disponível em < http://erelisandra.blogspot.com/2010/08/midia-na-escola-e-para-escola.html> Acesso em 13 de outubro de 2010

[4] Documento eletrônico disponível na integra em: <http://www.midiativa.tv/blog/?p=33> Acesso em 13 de outubro de 2010

[5] Disponível no site SENAC São Paulo no seguinte endereço eletrônico: < http://webquest.sp.senac.br> Acesso em 13 de outubro de 2010

[6] Endereço eletrônico: < http://webquest.sp.senac.br> Acesso em 13 de outubro de 2010

[7] Alguns alunos entraram em contato por email quanto à produção das apresentações.

[8] Blogger é um site que disponibiliza a construção de blogs, inclusive com um passo a passo.Disponível no seguinte endereço eletrônico: < https://www.blogger.com/start?hl=pt-BR>

sexta-feira, 30 de julho de 2010

UM POUCO SOBRE WEBQUEST


É Um modelo de uso educativo da Internet baseada na aprendizagem cooperativa é um modelo de investigação onde a informação provém da Internet e culmina com um produto final.

É baseado numa metodologia de aprendizage que utiliza os recursos da Internet e que possibilita o pensamento crítico, a criatividade e a tomada de decisões que contribuem para o desenvolvimento de capacidades e a transformação dos conhecimentos adquiridos.

Surgiu em 1995, quando o Professor Bernard Dodge, da San Diego State University, propunha a criação de um conceito – WebQuest – que auxiliasse na clarificação de um determinado tipo de atividades que estavam sendo postas em prática no âmbito de um projeto educacional de uso da internet. Assim definia WebQuest (literalmente, uma demanda na Web): "Uma WebQuest é uma atividade orientada para a pesquisa em que alguma, ou toda, a informação com que os alunos interagem provém de recursos na Internet, opcionalmente suplementados por videoconferência.

Possui como características:

ž Modernizar as maneiras de educar;

ž Garantir o acesso a informações autênticas;

ž Promover a aprendizagem cooperativa;

ž Desenvolver habilidades cognitivas;

ž Transformar ativamente informações e reproduzi-las;

ž Incentivar a criatividade;

ž Favorecer o trabalho de autoria entre professores e alunos.

ž São atividades criadas fundamentalmente para que os alunos trabalhem em grupo;

ž Podem agregar elementos de motivação a sua estrutura ensinando seus alunos um papel, personagens simulados e criar um cenário para trabalhar;

ž Pode ser uma única matéria ou disciplina;

ž Pode ser fruto de um plano de ação;

ž Pode culminar ou introduzir um tema escolar.

Existem basicamente dois tipos:

Mini ou de curta duração:

¡ A meta é a aquisição e integração do conhecimento de um determinado conteúdo a uma ou várias matérias;

¡ É realizada por um período curto.

Normal e de longa duração:

¡ Com um maior número de tarefas, mais profundas e elaboradas que podem culminar com a apresentação do produto com uma ferramenta informática (vídeo, slides etc).

É composto pelos seguintes itens:

  1. INTRODUÇÃO
  2. TAREFAS
  3. RECURSOS
  4. PROCESSO
  5. AVALIAÇÃO
  6. CONCLUSÃO
  7. ORIENTAÇÕES
  8. CRÉDITOS E REFERÊNCIAS